sábado, agosto 23, 2008

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Aguardo pacientemente o próximo fim-de-semana. Decidi reviver “la fiesta” como há muitos anos não faço. Quero voltar a jogar conversa fora pelas ruas inclinadas da vila, quero voltar a dançar sevilhanas noite fora até que a luz da manhã de Agosto nos convide a uma açorda na velhinha Sociedade. O meu estômago não suporta tão grande petisco, mas não resisto a ouvir as histórias de outros tempos, quando os quatro dias da festa de Barrancos eram aguardados com euforia. As rugas dos que pela madrugada andam na Sociedade contam os namoros dessas noites, o convívio e as histórias que a folia sempre gera.

Depois do encerro, preenchido de boas gargalhadas a ver as façanhas e a coragem que o álcool coloca no corpo daqueles que desafiam desajeitadamente o touro, está na hora de ir a casa, de um banho rápido acompanhado de um sono ainda mais rápido porque quando soarem as duas da tarde está na hora de guardar lugar no tabuado, que todos os anos transforma a praça da vila numa praça de touros. É por esta altura que sinto mais saudades. Vejo-me ali sentada e procuro-te por entre a multidão que enche a arena antes do espectáculo ter início. Era por ali que aparecias, há muitos anos, trazias águas, guloseimas e outros docinhos para mim, para a mana e para a mãe, que sentadas no tabuado aguardavamos a tourada. Talvez hoje te acompanhasse com uma imperial e visse a tourada contigo na sociedade… Enfim, entre as saudades que 17 anos de ausência trazem, eis que o relógio da Igreja marca as 18 horas. A praça já está vazia e o primeiro touro é recebido com palmas entusiastas.

Aguardo pacientemente o próximo fim-de-semana, os cheiros, o barulho, a confusão e as recordações…as melhores que tenho estão em ti, avô, e na tua terra.

2 comentários:

Anónimo disse...

É uma saudade que o tempo não faz esquecer...nunca!

Anónimo disse...

Lindo, puro, verdadeiro, despertas-te em mim uma nostalgia saudavel, uma lágrima que ficou no canto do olho...

Bjs M.M.